Com o Primavera Sound, que decorreu durante o final da passada semana, no Porto, e o Vira Pop, que acontece hoje em Caldelas, Amares, consideramos oficialmente aberto o período dos festivais de Verão deste ano. Ao todo, os cartazes dos 22 festivais que fazem parte deste guia representam quase 400 concertos, durante os próximos três meses.
Fizemos um apanhado de alguns festivais, que vão acontecer no Norte do país nos próximos meses. Há ofertas para todos os gostos e para todas as carteiras. Do litoral até ao interior. Dos repetentes às refrescantes novidades que surgem este ano. Alguns cartazes não estão ainda fechados (como é o caso do Vodafone Paredes de Coura, que é um dos festivais com maior procura a Norte), pelo que nos próximos dias a oferta irá ainda aumentar.
Neste mapa fizemos duas excepções e fomos buscar dois festivais um pouco mais a sul: o Bons Sons, que este ano chega à décima edição, com um percurso que muito deve deixar orgulhosos os seus organizadores; e o Jardins Efémeros, em Viseu, é obrigatório, com uma interessante mistura de disciplinas artísticas e a interacção com a cidade.
De destacar ainda este ano o Quintanilha Rock, em Bragança, pelo diálogo entre projectos musicais provenientes dos dois lados da fronteira, que está vertido no muito interessante cartaz apresentado para a terceira edição.
O formato dos festivais de Verão, que em Portugal foi inaugurado em 1971 com a primeira edição do Festival de Vilar de Mouros, substituiu um outro formato muito comum em Portugal na década de 1980 e primeira metade da de 1990. Esta é uma realidade portuguesa, que pode facilmente explicar-se pela reduzida dimensão do país e pela fraca viabilidade da produção de eventos de grande escala.
Noutros países, estes dois formatos coexistem. Mas, em Portugal, os concertos de estádio, com datas de grandes digressões de artistas ou bandas internacionais, desapareceram. Essas tours passam agora pela única grande sala de espectáculos em Portugal, que é o MEO Arena, antes designado Pavilhão Atlântico.
Os festivais de Verão generalizaram-se em Portugal nos últimos 15-20 anos. Essa generalização é muito lata, podendo ir da localização, da dimensão dos festivais ou da especialização da oferta do cartaz sob determinado género musical.
Mantêm-se os grandes festivais – o Sudoeste, o Super Rock, o Alive ou o Paredes de Coura. Apareceram outros entretanto – o Marés Vivas ou o já mencionado Primavera Sound. Até o velhinho Vilar de Mouros está este ano de regresso, depois de em anos anteriores ter ensaiado várias reinvenções, com um sucesso longe do que outrora fez firmar aquele festival minhoto.
O pequenos e os micro-festivais são, sem dúvida, uma realidade muito presente no território nacional, muitas das vezes promovidos pelos municípios, associados a promotoras de espectáculos. A presença dos festivais em Portugal é tal que até já existe uma associação, a APORFEST, que organiza conferências e acções de formação em torno dos festivais. A abastança é tanta que até há os Portugal Festival Awards, que premeiam os festivais portugueses em várias categorias.
São muitos os artistas que visitam o nosso país nesta altura. Os nacionais desdobram datas para ir de festival em festival. Promotores digladiam-se para conseguir o melhor cartaz. Os espectadores procuram os seus favoritos e fazem contas à vida, para tentar contrariar a dispersão e o preço dos bilhetes dos festivais que, mesmo assim, são dos mais baratos da Europa.