Blood Sport: “Uma completa cacofonia de poliritmos, guitarras irregulares e vozes distópicas”

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5 perguntas a Alex Keegan, o homem por trás da guitarra e da drum machine dos Blood Sport. A banda britânica passa por Guimarães no próximo sábado para encerrar o ciclo Soirée.

Ócio – Sabendo que vocês são de Sheffiled, é difícil encontrar uma explicação óbvia para a as vossas influências afro-beat. Como é que isso aconteceu?

Alex Keegan – O interesse pelo afro-beat foi o que nos juntou inicialmente, mas todos nós chegamos até ele de formas diferentes. Eu encontrei um disco do Ali Farka Touré quando trabalhava na HMV [uma grande loja de discos no Reino Unido] e depois atirei-me a todos os tipos de música africana, depois de mergulhar mais profundamente num som tão espantoso. O Sam [Parkin, bateria] conheceu Fela Kuti através de um colega de banda do colectivo de samba a que ele pertencia, dando seguimento à sua obsessão inicial com o Jit do Zimbabué e músicos senegaleses como Youssou N’Dour. O Nick [Potter, voz e guitarra barítono] conheceu-o através do LP ‘Synchro System’, de King Sunny Ade, que era do pai. Todos sentimos a influência do afro-beat em muita da música a que estamos mais ligados, já que também é uma influência para bandas como Talking Heads, The Mars Volta ou Can. Por isso, pensamos que quisemos explorar colectivamente por que motivo essas bandas de que gostamos estavam tão intrigados pelo som da África Ocidental.

Também se conseguem perceber várias influências do punk e do post-punk na vossa música. De que forma é que vocês combinam esses dois universos?

As sonoridades do punk, post-punk e noise-rock, etc, atraíram-nos quando estávamos a começar, por causa do imediatismo abrasivo em relação a sons que nós pensávamos que seriam entusiasmantes de incorporar em oposição a um som mais rítmico. Nós não tentamos combinar certos géneros de forma específica ou, pelo menos, já não consideramos os géneros quando estamos a escrever novo material ou a tocar juntos. Em vez disso, pensamos em certos sons de que gostamos e nas formas como os podemos abordar, tocando juntos, que possam ser conceptualmente interessantes e produzir resultados satisfatórios. Por exemplo, a drum machine pode muitas vezes funcionar como âncora rítmica para que o Sam, o nosso baterista, possa ter mais liberdade para tocar rajadas de ritmos, adicionando articulações ou frases curtas, de uma forma que não seria capaz se precisássemos dele como âncora rítmica se quiséssemos fazer música de dança.

“Axe Laid to the Root” soa ainda mais rítmico do que os vossos trabalhos anteriores. Isso aconteceu porque se embrenharam mais na música africana nos últimos anos?

Na verdade não. A maior presença dos aspectos rítmicos na nossa música tem provavelmente mais a ver com o facto de nos termos aproximado mais da música de dança e estarmos a desenvolver um interesse mais claro em encontrar um meio-termo entre sermos uma banda que toca ao vivo e um “club act”. Nós usamos instrumentos tradicionalmente associados a uma banda de rock, mas queremos fazer as pessoas dançar e apresentar a nossa música de forma alongada e evolutiva que é mais similar a um DJ set. Tentar existir entre estas duas áreas é uma perspectiva entusiasmante para nós e tornou-se o centro da nossa criatividade. O ritmo tornou-se inaceitavelmente o nosso foco central porque é o ingrediente principal na maior parte da música de dança de que gostamos.

Vocês os três parecem bastante diferente na forma como e relacionam com a música. Como é que essas diferenças funcionam numa sessão de estúdio ou num concerto?

Agora parece bastante natural e as nossas abordagens parecem conjugar-se bem, provavelmente devido ao facto de estarmos a tocar juntos há cinco anos. Estamos extremamente confortáveis com os papeis de cada um. A maior parte das nossas canções são construídas a partir de jam sessions que fazemos durante os ensaios. Gravamos tudo o que fazemos e depois escolhemos o que achamos mais interessantes, nos quais nos concentramos posteriormente. Ao vivo, usamos como base as nossas canções tal como as gravamos e depois tocamos algumas sessões semi-improvisadas, sem nunca pararmos, como numa DJ set, para mantermos o impulso e a intensidade.

O que podemos esperar de um concerto de Blood Sport?

Uma completa cacofonia de poliritmos, guitarras irregulares e vozes distópicas.