Participar é preciso!

As recentes comemorações dos feriados do 25 de Abril e 1 de Maio em Guimarães constituíram mais uma evidência de toda a vitalidade do movimento associativo, cultural e artístico da cidade e do concelho. Um pouco por todo o concelho, umas com mais cunho ideológico ou reivindicativo, outras de cariz mais lúdico, os vimaranenses puderam usufruir de uma série de iniciativas que celebraram a liberdade e a capacidade de mobilização popular. Ano após ano, estes dois feriados afirmam-se como janelas de participação cívica, com uma grande participação e popular.

 

Para muitas associações, estes feriados são uma oportunidade para mostrarem o seu trabalho, para apresentarem publicamente o fruto das actividades que vão desenvolvendo ao longo do ano. De todas os eventos realizados em Guimarães por estes dias, há um que me é particularmente caro. É-me particular porque também participo activamente na sua preparação e apresentação, mas a cada ano rejubilo de gratificação porque ele representa muitos dos valores em que acredito e para os quais trabalho.

Refiro-me ao concerto Sons da Liberdade, uma co-organização do Cineclube de Guimarães, Câmara Municipal de Guimarães e Assembleia Municipal de Guimarães que junta, no palco maior do Centro Cultural Vila Flor, a Banda da Sociedade Musical de Pevidém e vários coros do concelho (Grupo Coral de Ponte, Grupo Coral de Pevidém, Orfeão de Guimarães, Grupo Coral de Azurém e Órfeão do CCD Coelima), a que este ano se juntou o interessante projecto Outra Voz e mais uma dúzia de cantores e instrumentistas que acrescentam muita qualidade ao espectáculo.

Mobilizando diversas associações culturais e artísticas vimaranenses, o concerto Sons da Liberdade celebra o 25 de Abril de 1974 com um repertório de músicas ligadas ao imaginário revolucionário e libertário, acompanhadas de imagens em movimento que também remetem para esse período específico da história recente de Portugal. Para além disso, também homenageia o “povo” e o “poder popular” através da forma, da afirmação do colectivo e da cultura participativa, da confluência de várias pessoas numa iniciativa conjunta, que é verdadeiramente de todos e onde todos se sentem representados.

Simbolicamente, esta iniciativa celebra algo que é um legado fundamental de Abril: o direito de associação, o direito à iniciativa popular e à participação cívica. Guimarães, pela sua invulgar vitalidade associativa, é um caso a celebrar. No entanto, no associativismo como na vida, é necessário nunca dar nada por garantido e continuar a reivindicar esse direito fundamental de participar e de fazer ouvir a sua voz.