“Não, não sou português, sou mais do que isso, sou de Guimarães! Com efeito, sou de uma pátria pequenina e sólida chamada Guimarães, que tem por limite Vizela e Caneiros, a Penha e a Pisca. O resto, meus velhos amigos, é a fronteira de um outro mundo”. Novais Teixeira, 1956.
Os limites podem ter mudado, desde que Novais Teixeira o disse, mas o sentimento é hoje o mesmo de há 50 anos. Somos de Guimarães e dizemo-lo antes de dizermos que somos portugueses, do Norte ou do Minho. Os outros portugueses admiram-nos pelo que somos, pelo orgulho que temos na nossa história, no nosso passado e na forma como cultivamos a memória, no presente.
Um povo sem memória será sempre um povo sem história. Mas os vimaranenses têm memória e orgulho no pedaço de história que representam.
Guimarães inaugurou no passado dia 25 de abril a Casa da Memória. Um espaço singular no país, de representação, construção e abrigo da compreensão que temos da história do concelho. Não um simples museu estático e antiquado, de peças e documentos relevantes, mas de interpretações, impressões sobre factos, conservação e transmissão daquilo que é merecedor da lembrança vimaranense.
Este é um pedaço de orgulho da pátria de Novais Teixeira, porque é, mais do que a história de uma região, a memória coletiva do que foi e é ser de Guimarães. Dos que cá nasceram, passaram ou ficaram.
Uma casa onde cabe o Território e a Comunidade, nas duas áreas expositivas do espaço, que conjuga artistas de renome com instituições e artesãos locais, onde Gonçalo M. Tavares e Tito Mouraz coabitam com a Casa da Marcha e a Olaria vimaranense.
Conta ainda com um espaço de exposições temporárias que rotativamente, focarão temas ou parcelas do território, enriquecendo a Casa e aumentando a atratividade para quem pretender regressar.
Através das mais diversas formas, estão representadas, no novo equipamento cultural, todas as freguesias do concelho de Guimarães e as instituições mais relevantes do território: associações culturais e recreativas, instituições desportivas e católicas, representações das indústrias têxteis, da olaria e dos bordados.
Tudo isto, organizado com um forte carácter de modernidade, em tudo alinhado com a bitola a que Guimarães nos habituou: com memória no conteúdo, mas vanguardista e de excelência na forma.
A abertura da Casa da Memória traz consigo oportunidades para vimaranenses e visitantes. Desde logo, porque é um ponto de entrada e receção a quem nos visita. Um primeiro contacto com a cultura vimaranense, que abre o apetite para a visita ao território e aos equipamentos da cidade.
Mas, se é verdade que esta é uma oportunidade para o turismo, é também claro que para qualquer vimaranense este é um local de visita obrigatória e cíclica. Nenhum de nós é capaz de dizer que conhece, em todo o seu esplendor, todas as artérias da história e da memória do concelho. Por isso, além de visitar, quererá voltar.
É caso para dizer que a história e memória desta “Pátria pequenina e sólida” cabem hoje todas dentro do Edifício da antiga Fábrica com o mesmo nome. Para quem visita Guimarães e para quem é ou se sente vimaranense.