Competência + Visão + Oportunidades = Revolução

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Há uma revolução em curso em Guimarães. Calma. Não haverá militares nas ruas, nem tomada de poder. Não haverá sangue, nem cravos. Não há encontros subversivos de crítica e combate a qualquer regime. Não. A revolução em Guimarães está a fazer-se com música.

No primeiro artigo para o Ócio referi-me a uma geração que está a mudar a cena cultural vimaranense. Hoje, de toda as artes, concentro-me na música. Porque é nela que “a resistência” se encontra mais ativa.

A vida musical vimaranense encontrou hoje uma fórmula mágica que promete culminar em mudanças drásticas na forma de ver e olhar para a cidade. À competência soma visão e mais oportunidades do que tenho memória.

Comecemos pela competência. Este é um período em que Guimarães conta com imensos músicos dotados. Com formação, com escola, com vontade e com experiência.

Há 10 anos era comum termos nos grupos de amigos, uma dúzia de guitarristas “semi-autodidatas“ de escola essencialmente metal. Hoje temos um conjunto mais diversificado, com gente que domina a arte. Inúmeros instrumentos, materiais de edição e produção e muito contacto com estilos diversificados que lhes permite andar por sonoridades diferentes. Sinal também dos tempos em que as ferramentas estão à mão de semear para serem exploradas e apreendidas.

Se a competência já encontrávamos há 10 anos, a visão hoje dá eficácia ao talento.

As bandas, editoras e promotoras conhecem-se. Vivem bem com o sucesso uma das outras e remam todos para o mesmo lado. São artistas que compreendem o meio e a dificuldade de fazer da música vida, principalmente quando se está a tantos quilómetros de Lisboa e ainda mais de Londres ou Nova Iorque. Suficientemente perto para contactar, viver e estudar nessas cidades. Mas demasiado longe para levarem lá a música que fazem a partir do Norte do País.

Por fim, as Oportunidades. As públicas, as particulares e aquelas que os próprios são capazes de promover.

Guimarães tem uma vereação que conhece este espaço. Cresceu política e profissionalmente no e com o meio. Sabe os nomes e conhece as caras. Arrisca e dá-lhes espaço. Veja-se o cartaz alternativo para espíritos menos tradicionais da edição deste ano das Gualterianas, o Excentricidades a acontecer por todo o concelho ou a programação dos Banhos Velhos.

Mas não só de programação do poder autárquico vive este mundo. Pelo contrário. As oportunidades são criadas pelos próprios. Temos hoje uma oferta diversificada e que acompanha todo o ano civil, resultante do rasgo dos artistas, editoras e promotoras. Duas “Missas” por ano: a do Galo e do Coelho. “Mucho Flow” em Outubro. “Suave Fest” e “Passa à Praça” em Setembro. “Agora aqui” em Julho e uma “Soirée” em Maio. Já não para falar em programação de associações como o Convívio ou dos concertos mais avulsos da Revolve.

Uma autêntica revolução resultante de uma fórmula de sucesso. Que começa já a dar frutos nas rádios nacionais e nos festivais portugueses. Os Paraguaii e os Imploding Stars foram à vila em Paredes de Coura onde os Toulouse já tinha passado no ano passado. E o Captain Boy velejou até ao Super Bock Super Rock na edição de 2015.

Estes são motivos mais do que suficientes para acreditar nesta revolução. Que a mesma se mantenha em curso e com força redobrada.