cultura+capital=?

O serão de amanhã e sábado promete na caixa negra da ASA. Com encenação de João Pedro Vaz, o Teatro Oficina apresenta a sua última peça: Capital & Cultura. Partindo do lema “Há qualquer coisa de fundamentalmente errado em tudo isto!”, a peça nasce de uma vontade política de “e abordar, interpelar e violentar um tema que há muito me incomoda: o das organizações culturais parecerem, muitas vezes, trabalhar mais para a sua auto-preservação, do que para cumprirem a sua missão original.”

Em tempo de começar a lavar os cestos, esta peça parece querer tocar numa ferida que teme em não cicatrizar. Ora leiam lá a apresentação da coisa:

“Na primeira parte, vamos encontrar os membros típicos de uma organização cultural nossa contemporânea em pleno trabalho, com os seus vários cargos, discursos, funções e ideias feitas – administradores, programadores, consultores, produtores, diretores de comunicação, curadores, criativos, assessores, o que se quiser, com os seus dossiês, as acreditações, o Coração como símbolo, as ideias “de regresso a…” e “a caminho de…”.
Cerimónias de abertura, reuniões de trabalho, coffee-breaks, brainstormings, discursos oficiais, festas privadas, conferências de imprensa, todo o savoir faire da organização de eventos culturais. Nada disto é inocente num espetáculo quase no fim da Capital Europeia da Cultura – como se CEC pudesse ser temporariamente acrónimo, sigla, uma firma – Capital & Cultura.
Na segunda parte, procura-se a redenção no Museu de História da Arte, no Ballet, na Biblioteca Imperial, num Concerto “sério” e num bufete depois do Teatro, em sucessivos episódios e irritações. O(s) nosso(s) público(s) extasiado(s), estupefacto(s), desiludido(s), vão à procura da “mais bela ideia do mundo”, mas acabam ao relento ou expulsos à bengalada.”