Clássicos muito modernos: o teatro volta a Guimarães em Junho

2015-10-14-T1Shakespeare, Molière e Tchekhov são três nomes incontornáveis do teatro. São também três nomes clássicos. E estarão nos palcos de Guimarães em mais uma edição dos Festivais Gil Vicente. Mas engana-se quem pensar que as escolhas dos textos destes dramaturgos históricos contraria a aposta que o festival vimaranense tem feito nos últimos anos na criação contemporânea. Os espetáculos que podemos ver no início do mês de Junho são versões muitos modernas destes clássicos.

Os Festivais Gil Vicente começam no dia 2 de Junho, no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), com Ricardo III, de William Shakespeare, numa montagem Tónan Quito, que teve co-produção do Teatro Nacional Dona Maria II e o CCVF. O espetáculos reúne elenco extraordinário onde estão António Fonseca, Miguel Moreira ou Romeu Runa, por exemplo. No dia seguinte há uma incursão ainda mais radical por um texto ainda mais clássico. João Garcia Miguel pensou num espetáculo a partir de “As Bacantes”, de Eurípides, onde prossegue o seu desafio às convenções. Chama-se “Ciclo Novas Bacantes” e será apresentado na Black Box da Plataforma das Artes.

No último dia da primeira semana do festival, a 4 de Junho (Grande Auditório do CCVF), Nuno Cardoso regressa a Guimarães e a um texto clássico francês. Depois de “Britânico”, de Jean Racine, estreado no ano passado, o encenador apresenta agora “O Misantropo”, de Moliére, numa versão hedonista e excessiva, em que o teatro passa para uma pista de discoteca.

A segunda semana dos Festivais Gil Vicente arranca no dia 9, com um díptico de peças do dramaturgo contemporâneo britânico Simon Stephens, “Águas Profundas + Terminal de Aeroporto”, numa encenação de Nuno M. Cardoso, apresentada no Grande Auditório do CCVF. No dia seguinte, o teatro regressa à Plataforma das Artes, para duas sessões (18h30 e 21h30) de “Museu da Existência”, pela Associação Amarelo Silvestre.

O encerramento do festival está marcado para 11 de Junho com a única proposta internacional do evento, com a companhia belga tg STAN a trazer a sua versão de “O Cerejal”, de Anton Tchekov.

O festival vimaranense conta também com um conjunto de actividades paralelas, com um Workshop de Dramaturgia com a Lark Foundation, de 1 a 8 de Junho, conversas com os criadores, no final dos espetáculos, e um debate, no dia 8, no Círculo de Arte e Recreio, a propósito dos 400 anos da morte de Shakespeare e de “Ricardo III”, de Tónan Quito, que abre o festival.