Regresso ao Futuro

Acompanhar o Samuel numa visita pelas tascas de Guimarães é quase uma viagem no tempo (a pé em vez de num DeLorean) a uma Guimarães dos anos 70.
No final, a visita tem aquele sabor agri-doce que só as coisas nostálgicas nos transmitem: é um mundo que já acabou, este que estamos a ver no presente.

Tasca Expresso, fechada para limpezas

As tascas tiveram um papel importante na vida social vimaranense. Das filas intermináveis para abastecer de vinho antes do Natal ao quartilho a caminho da bola, a tasca era um dos pontos de paragem obrigatórios numa cidade sem grandes superfícies e gostos modernos. O vinho maduro e a sofisticação do gosto roubaram a clientela mais nova; a saúde tratou dos restantes.

É impossível fazer hoje uma visita a estes estabelecimentos sem nos apercebermos do seu prazo caducado, da sua condenação sumária por uma sociedade que prefere os cartões e plásticos que envolvem as pizzas e hamburguers ao barro que identifica a malga de tinto ou o prato de pão de milho. Injusto? Talvez não… afinal, como dizia o poeta, o mundo é composto de mudança. A resignação, de quem está por detrás do balcão, é mesmo o único caminho.

O Sr. Machado a contar a história da fotografia

Mas as histórias, as boas histórias que nos foram contadas na primeira pessoa pelo Sr. Machado ou pela filha do casal da Adega Pinto são o que realmente importa preservar. É  por isso extremamente importante o seu registo, como bem fez o dono da Casa Piedade, editando um livro sobre os 100 anos da sua casa, ou o projecto quase pronto do Samuel sobre as tascas vimaranenses. Afinal, são as coisas que durante décadas aconteceram nestes sítios que os tornam importantes, não o que eles (não) podem ser hoje.

O dono da Casa Piedade