Pão e circo…

Na Roma Antiga, em momentos de aperto, os doutos senadores do Império tiveram a oportuna ideia de organizar festividades com o objetivo de diminuir a insatisfação popular contra os governantes. A contrapartida desta época de festividades vinha mais tarde, com o consequente aumento dos impostos. Juvenal, o poeta e retórico que escreveu as célebres Sátiras, eternizou essa política com a frase Panem et circenses.

Das festividades romanas faziam parte combates sangrentos protagonizados pelos célebres gladiadores e distribuição gratuita de pão. Hoje, felizmente, a euforia popular não exige sangue nem morte.

Guimarães terá, neste fim-de-semana, um pão e circo para saciar e encerrar a programação da Capital Europeia da Cultura. Não tenho nada contra este tipo de eventos de “encher o chouriço” em que parece que só os números interessem. Misturam-se alhos com bugalhos porque o objectivo é essencialmente ter gente para preencher folhas de estatística porque afinal, como diria Mário Soares num qualquer comício da Fonte Luminosa, “se isto não é o povo, onde é que está o povo?”. Ou, em tom mais “popular”, como sentenciaria o cronista da bola Jorge Perestrelo, “é disto que o meu povo gosta!”