O Ensino Primário Oficial em Guimarães (1772-2006)

É consensual dizermos que a História de qualquer cidade ou país é impossível de ser completamente estudada se não tivermos em conta a História da Educação desse espaço geográfico e/ou administrativo. Aceder à escolarização básica é um direito inalienável de todos, além de ser um importante motor no desenvolvimento social, económico e cultural de um povo.

Em Portugal, nas últimas décadas, muitos estudiosos proporcionaram numerosos trabalhos de grande valor histórico, antropológico e científico à História da (nossa) Educação. Oliveira Marques, Rómulo de Carvalho ou Joaquim Ferreira Gomes são bons exemplos disso. Mas no âmbito na nossa historiografia local, de Guimarães, infelizmente esses estudos não abundam, como se queixa Áurea Adão na sua brilhante tese.

Ora, sendo este ano Capital Europeia da Cultura, é ainda mais importante conhecer os primórdios das instituições educacionais na nossa terra. De acordo com o lema “Tu fazes parte”, a CEC é formada por todos os vimaranenses, o que significa que está nas mãos de todos nós defender a nossa cultura. Essa defesa não está, portanto, completa se não preservamos ou desconhecemos a cultura e a educação dos nossos antepassados.

Foi nesta linha de pensamento que Hilário Oliveira da Silva, padre, escritor e investigador vimaranense se aventurou numa investigação o mais fiel possível sobre a Educação Primária em Guimarães desde as reformas pombalinas até aos dias de hoje. Na visão do autor, “só assim se poderá obter uma visão de conjunto sobre o ensino elementar do Berço da Nacionalidade, entrelaçando o seu evoluir histórico com a realidade presente”.

Em cerca de 750 páginas, Hilário da Silva procura, baseado em documentos históricos e estatísticos, dar a conhecer ao leitor a história das nossas escolas primárias. O livro está estruturado numa contextualização histórica das reformas pombalinas, e a partir das Escolas Menores viajamos, freguesia por freguesia, através dos tempos até aos dias de hoje.

Uma obra de grande valor cultural, sem dúvida.