Claro, mais uma vez nos meus headphones passava isto , ou isto , enquanto na MCM TOP TV passava algo que anunciavam como o Nº1 no Top Português, Anna Free, com Electrical Storm, isto.
Como não estava a ouvir o som concentrei-me na imagem e tentei entreter-me a adivinhar a nacionalidade daquele belo rosto com nome de Anna Free. Só com muito esforço poderia ser português, isto é, o seu tom de pele ou os seus olhos escuros poderiam ser de uma qualquer portuguesa mas não o resto. E o resto era quase tudo, era a beleza oval do rosto, as orelhas de uma ternura esquisita, um nariz a marcar-lhe o rosto sem se demonstrar, e um queixo bem desenhado mas que nem assim conseguia atenuar toda a beleza do seu sorriso. É evidente que se esforçássemos as vistinhas, num considerável esforço – que fique claro, poderíamos ainda assim deixar passar esta linda Anna como uma bela lusitana, não fosse o seu corpo, que feito de sensualidade pura estava longe, para o lado mais positivo, da sensualidade roliça que caracteriza as portuguesa. Estava então neste debate interno de que nem aquele corpo nem aquela beleza eram de uma portuguesa, muito menos o era o nome, que Free qualquer tuga teria a liberdade de escolher, agora, Anna, com dois énes, somente uma pessoa com muito bom gosto poderia adoptar. Depois, nenhuma portuguesa com aquele nível de beleza sabe sorrir assim com tanta empatia. As portuguesas bonitas sabem que lhes é dado o direito a serem antipáticas e usam-no com uma propriedade inquietante.
Apostei pois na nacionalidade libanesa, de Beirute para ser mais específico. Não há outro lugar no mundo onde a mutação da natureza, consequência de toda a estratégia tentativa-erro, naquele tom de pele, tenha resultado tão bem e as tenha feito assim tão belas. Anna é uma libanesa sem necessidade de intervenção estética ao nariz que, como já se disse atrás, nada tem de empinado.
Como não gosto de errar nas minhas análises, dediquei a esta um pouco mais de tempo, refinando-a, como se faz com o açúcar que providencia a parte mais agradável das coisas em que se mistura, abstraí-me pois do movimento da Anna para me focar nos fundos estáticos e assim tentar chegar a uma aferição da nacionalidade não pela personagem mas através dos cenários. Os edifícios e a cidade não eram libaneses, muito menos eram Beirute. Estava tudo muito inteiro, integrado e equilibrado, faltava ali a mistura das fachadas espelhadas do que outrora fora a Suiça do médio oriente com todas as outras, esburacadas e arruinadas pelos raides israelitas. Beirute é um anfiteatro aberto ao mediterrânio e à artilharia israelita e, nos intervalos de cada acto, uma bomba que implode de conflitos religiosos e políticos internos. Definitivamente, aquela cidade não era Beirute nem estava no médio oriente. Era algures na europa, notava-se pela cor e pela serenidade que Anna com o seu movimento tentava aniquilar. Parecia-me Londres mas a Anna de londrina nada tinha. O tom da pele não me deixava ir mais para Este também geneticamente agraciado pela mãe natureza. Acabei por ficar na europa central, central mas na sua parte mais latina, mais precisamente em França. Sim, a Anna poderia ser francesa ou então italiana. Para mim seria francesa até que uma pesquisa atenta na internet, após uma intensa hora de ginásio, o (des)confirmasse.
Como estava enganado!
Anna Free is the stage name of Ana Gomes Ferreira, a singer, musician, songwriter and performer who has had a series of top-five hit singles, including 4 number one hits, in Portugal.