Da falta que as belas-artes nos fazem

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Braga e Guimarães são duas cidades incontornáveis no panorama cultural português. Não deixa de ser curioso que, desde os finais do século XX, uma e outra se destaquem mais na divulgação e dinamização do que na produção cultural. Existem companhias de teatro, há grupos de expressão plástica e vivem aqui alguns escritores e outros tantos artistas, mas a verdade é que a produção cultural e artística de Braga e Guimarães não é famosa e está muito longe do que fora, por exemplo, nos tempos áureos do barroco, quando daqui se exportava arte como ensinamento e como produto para as mais recônditas terras da Europa e do mundo.

Não deixa de causar estranheza que uma região que teve escolas de artes durante vários séculos, tenha agora uma universidade pública amputada do ensino da expressão artística, com a excepção que é devida aos cursos de música e de arquitectura que muito recentemente foram criados. O resto não existe por cá e isso sente-se na incapacidade que os agentes culturais têm demonstrado para criar momentos que nos inebriem os sentidos e transformem o pensamento.

É verdade que os recursos dos museus, bibliotecas, associações e fundações são limitados pelos constrangimentos que são próprios do país, mas também é um facto que muito mais poderia ser feito se se conjugassem as vontades de uns com as potencialidades de outros. Não é por acaso que, mesmo à distância de um oceano, o sono de Tilda Swinton nos toca e nos impele à reflexão sobre o nosso quotidiano. Como também não é por acaso que a vespa que vagueia no quarto da rainha D. Maria Pia desperta o nosso imaginário. Falta-nos a gente, talvez, massa crítica, por certo, mas com o que somos e temos podíamos fazer bem mais. Concordam?