Achitecture and Nature, por Kengo Kuma

Kengo Kuma, Fábrica Asa, Guimarães, 12 de maio de 2012. Foto de José Caldeira.

No salão de entrada da Fábrica Asa, numa construção imponente de tábuas e barrotes aparafusados segundo uma ideia estética mais ou menos conseguida, querendo lembrar uma catedral ou uma mesquita com um coração negro destinado à celebração mística das palavras, Kengo Kuma esteve ontem em Guimarães a falar da sua arquitectura de respeito à Natureza. Começou por falar da força destrutiva da Natureza, onde a fragilidade do que é construído pelo ser humano, e do próprio ser humano só consegue alguma ideia de perenidade ao assumir, paradoxalmente, o caráter transitório dos nossos esforços. A ideia de arquitetura expressa por Kengo Kuma, derivando vagamente de uma concepção existencialista desenvolvida por Heidegger no seu “Habitar, construir e Pensar” vai para lá do respeito ao local para uma concepção ainda mais reverente para com os acidentes naturais, vistos na sua ambivalente compleição de resistência e acolhimento, seja no desnível dos terrenos, obsessivamente mantidos , seja na procura da horizontalidade da água, segundo o modelo, deixando por Bruno Taut na sua passagem pelo Japão depois da ascensão de Hitler ao poder. Ouvir Kengo Kuma é partilhar do profundo respeito pelo poder do lugar, mas também do profundo respeito pelos materiais, desde a madeira que encaixa sem a violência do metal à leveza do coração das pedras. Um exemplo de grandeza e sensibilidade, sem reinventar a natureza – amando-a, apenas.