A equipa da Porta 253 começa a transportar o material para o espaço em que vai gravar. Enquanto é montado o equipamento dos Solar Corona, a banda que veio gravar à Velha-a-Branca, em Braga – a propósito d’ O Ócio Ocupa do passado sábado –, João Figueiredo, um dos elementos do Porta, prepara o áudio e os responsáveis pelo vídeo vão fazendo alguns planos do lugar escolhido. O espaço é um fator distintivo no conceito que este projecto nascido em Braga há quase um ano tem trazido para o mundo da música.
Depois do sound-check feito, dá-se início à gravação. Habitualmente são cerca de 20 minutos de concerto, podendo variar entre três a cinco faixas, seguindo-se uma entrevista. Tem sido assim desde há quase um ano quando a Porta 253 se transformou numa rampa virtual para o lançamento de músicos nacionais. Saído da mente de Joana Jorge, o projeto visava aliar o vídeo à música, através do registo e partilha nas redes sociais, de concertos de bandas emergentes, em locais improváveis do centro de Braga. Ao mesmo tempo serviria de atelier para estudantes de Audiovisual e de promoção dos locais escolhidos.
No espaço da Velha-a-Branca cinco pessoas faziam a sessão com os Solar Corona: três câmaras, um responsável pelo áudio e um fotógrafo. Normalmente, junta-se também um entrevistador. É quase sempre assim que o projecto trabalha, hoje com uma visibilidade bastante maior do que a que tinha quando começou. O trabalho “é bom para todos”, comenta Joana Jorge, mas sobretudo valia para os músicos, que ficam com material de qualidade para o registo e divulgação da sua obra.
Nos inícios do projeto, era o Porta 253 que contactava as bandas. “Normalmente, eram bandas que gostávamos ou que estivessem a começar e que nós sentíssemos que fosse benéfico para elas”, conta Joana Jorge. Mas com o crescimento da visibilidade nas redes sociais, há muitos projectos musicais que hoje contatam o Porta, pelo Facebook ou por email, apresentando os seus trabalhos e propondo sessões.
O trabalho da equipa do Porta 253 começa, por isso, no momento da escolha. Ainda que, reconhece a fundadora do projecto, não haja grandes requisitos de seleção. Basta que lhes seja percetível o potencial dos artistas e que precisem de projeção. Quanto às bandas com maior projectos, aproveitam as tours, de forma a que estas consigam dar um “saltinho” a Braga e tenham contacto com a Porta 253. “Importante”, sublinha Joana “é que depois esses músicos usem o nosso tag que nos vão dar gostos e mais visibilidade”. Num projecto que não cobra às bandas e procura sobretudo patrocínios, a notoriedade é vital.
Braga tem sido a estrada deste projecto que junta música e vídeo e os seus sítios improváveis da cidade o seu destino. Desde barbearias a lojas vintage, a Porta 253 procura sempre locais “diferentes, bonitos, com um conceito interessante” para gravar as suas sessões.
Os mais abertos têm sido os negócios de “malta jovem”, que percebem “o que é que um vídeo numa rede social pode trazer de bom para eles”, conta Joana. Já houve tentativas de apostar em lojas mais tradicionais, o que acabara por ser bem mais difícil, por tratar-se de pessoas “um pouco mais conservadoras”. E depois há os portos seguros da Porta, como o In Braga Hostel ou Pedro Remy cabeleireiro & Espaço Cultural, que receberam já estas sessões mais do que uma vez.
Carolina Ribeiro e Rafaela Silva