Como já todos sabemos, este é o ano que Guimarães se afirma como Capital Europeia da Cultura. Cabe-nos a nós, vimaranenses, defender a cultura. Mas afinal, o que é isto da “cultura”? Será a forma como nos vestimos? Será a forma como pensamos? Ou será o meio pelo qual nos expressamos? Na verdade, a cultura é isto e muito mais.
Segundo Edward B. Tylor, conhecido antropólogo britânico ligado à escola do evolucionismo social, cultura “ inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Então estamos agora em posição para poder fazer uma avaliação à nossa defesa da cultura. Quer a cultura vimaranense e a nacional quer a cultura europeia e internacional tem de estar defendida, este ano, na nossa cidade. E será que o estamos a fazer?
Meus caros, há cerca de um ano os pessimistas (e egocêntricos, por vezes) “especialistas” lisboetas diziam que o nosso projecto iria ser um fracasso. Por motivos de campanha, por motivos políticos ou por motivos financeiros, a Fundação Cidade de Guimarães e a Câmara Municipal não iriam conseguir alcançar os objectivos que nos eram pedidos.
Mas a verdade é que conseguimos. Hoje somos uma cidade reabilitada urbanisticamente, um local onde o presente é uma perfeita conjunção do passado e do futuro, num misto desconcertante entre o histórico e a modernidade. Todos os espaços em Guimarães têm uma agenda preenchida com visitas de artistas e pensadores. Criaram-se novos espaços como a Plataforma das Artes e da Criatividade para demonstrar formas de pensar, conceitos inovadores, obras de arte. Em 366 dias deveremos mostrar ao mundo a Arte, a Arquitectura, a Música, o Cinema e o Pensamento. Eis a cultura, mundo!… Ou talvez não.
Será possível uma criação de algo imperfeito ser perfeita? É óbvio que a resposta é negativa. Nós, como seres imperfeitos, jamais conseguiremos criar algo que seja totalmente perfeito. E a CEC não é perfeita. É óbvio que haverá quem discorde, mas, a meu ver, é um disparate não terem considerado as Ciências Exatas e Naturais como parte da nossa cultura. Num sentindo abrangente, “ciência” refere-se a todas as práticas que visam o conhecimento. E não será este uma parte integrante da cultura? O conhecimento de quem somos, como estamos aqui, porque é que estamos e porque é que isto acontece não será uma parte importante da nossa cultura?
Estará a nossa identidade cultural totalmente salvaguardada por uma agenda que trata com insignificância o nosso conhecimento científico?
Na minha opinião, como leigo e como defensor da nossa cultura, penso que é uma falha na Agenda da CEC 2012 a ausência de um núcleo de programação nas Ciências. Não quero com isto dizer que a ciência é a cultura, porque isso seria um erro tremendo, mas defendo que a ciência faz parte da cultura, e por nada deveria ter sido posta de parte por quem tem como papel principal defender esta última. É verdade que temos o Laboratório de Criação Digital, a exposição Emergências 2012—Novos Media e tivemos o Festival de Robótica, mas penso que a CEC carece de uma programação consistente no âmbito científico durante todo o ano de 2012.
Contudo, como vimaranense, sinto-me orgulhoso da minha cidade por toda a História que escreveu, está a escrever e, com certeza, escreverá.