O festival Vira Pop regressa a Caldelas para a sua segunda edição, que acontece já no próximo sábado, 18 de junho. O Ócio falou com João Araújo, da Fest:ão, a entidade responsável pela organização do festival. Com um cartaz diversificado e atual, o evento promete revitalizar a vila e a região.
Ócio – Como surgiu este evento numa zona do país sem tradição festivaleira?
João Araújo – O Vira Pop nasceu da vontade de um grupo de amigos que já organizava festas com a chancela da Fest:ão em espaços mais pequenos e intimistas. Sempre houve vontade de organizar um evento com uma escala maior e com propósitos diferentes. Em 2014, abordámos o presidente da junta de Caldelas, instigando-o a organizar um evento que pudesse comunicar Caldelas e o concelho. Este dasafiou-nos a apresentar uma proposta e percebemos de imediato que existia abertura.
De que forma foi acolhida a vossa ideia de organizar um evento cultural deste género?
Reunimos com a Câmara Municipal de Amares e a empresa de águas das Termas de Caldelas. Se da primeira entidade tivemos um apoio incondicional, da empresa não existiu abertura e até de alguma forma tentaram condicionar a realização do evento. O festival tem como principal propósito revitalizar as Termas de Caldelas, que possuem condições incríveis e que estão pelas ruas da amargura em termos de estratégia de crescimento. O apoio das chamadas entidades institucionais foi animador e crucial para avançarmos, conscientes que poderíamos providenciar um evento com qualidade e que pudesse ter futuro. Esperamos que seja para continuar, pois a ideia é todos os anos acrescentar desafios. Este ano, por exemplo, temos pela primeira vez uma banda internacional e de renome como os Delorean. Além dos apoios institucionais, contamos também com o patrocínio de uma cerveja artesanal de um concelho vizinho, que deu o nome ao palco principal. Contamos também com o apoio fundamental de uma estrutura hoteleira de Caldelas, que nos tira um peso incrível de cima. Aos poucos, o festival vai juntando as pessoas e cumpre com outro dos objetivos a que nos propusemos: agregar novamente todas as entidades e sociedade civil em torno de um concelho que é extremamente rico em termos gastronómicos, históricos, ambientais e que está situado estrategicamente no coração do Minho, mas que a nível comunicacional e de estratégia de marketing pouco ou nada está feito.
Como descrevem a linha musical que guia o Vira Pop?
A linha musical é diversa, como podem constatar pelo cartaz que apresentamos este ano. No entanto, há um cuidado orientador na seleção dos projetos que queremos para o evento. Há sempre uma toada eletrónica dançável que é enriquecida por um misto de estilos que vão do rock, indie, do cancioneirismo, da batida, etc… Além da coerência da curadoria, temos sempre cuidado em perceber se os projetos que convidamos são atuais ou têm novidades na forja, e temos sempre atenção a “rookies” que possam “explodir” durante o ano. Exemplificando, os Delorean vão lançar um álbum novo dias depois do Vira Pop; os Octapush têm álbum novo a sair; o Dj Firmeza é a nova coqueluche da batida lisboeta e tem tocado com frequência na Boiller Room; os Holy Nothing estão a ter um ano de “buzz” imenso com a presença do SXSW e no “warm up” do Primavera; os Pista, com um rock dançável e ritmado incrível, vão tocar no SBSR e estiveram no Rock in Rio; o Éme tem tocado incessantemente com o B Fachada; e os Leviatã, projeto do Minho que vem ocupar o lugar ocupado no ano passado pelos Ermo. O final da noite é sempre pintado com dj’s. E este ano dirigimos o convite ao Ludovic, um dos fundadores da Con+ainer, e ao Rui Estêvão.
Em 2015 o cartaz contava somente com artistas nacionais, alguns deles que se viriam a tornar nomes recorrentes da cena musical portuguesa durante este ano – como por exemplo os Flamingos. Nesta nova edição encontramos os Delorean que são espanhóis. Será esta uma tendência para as próximas edições – apostar em nomes estrangeiros -, ou a promoção da música nacional continua a ser uma prioridade?
Como mencionei anteriormente, os desafios a cada edição vão ser maiores e queremos contar com mais artistas internacionais nos próximos cartazes. No entanto, a música portuguesa irá ocupar sempre um lugar de destaque e iremos contar sempre com algum elemento da cultura folclórica minhota no certame. Se no ano passado tivemos um rancho a abrir o festival, este ano vamos contar com uma “battle” de cantadores ao desafio.
Acham que a abertura do leque de artistas presentes no festival irá chamar públicos de outras regiões, nomeadamente da Galiza que está aqui próxima?
A ideia de diversificar o cartaz tem como principal propósito a captação de públicos das mais diversas partes do país e, obviamente, com a Galiza aqui tão perto, não podemos descurar a possibilidade de também tentar o público “nuestro hermano” a desfrutar de um festival que é gratuito e que até conta com uma banda com raízes no país vizinho.
A par dos concertos, o que mais poderá atrair visitantes ao festival?
Muita coisa poderá atrair os visitantes ao festival. Desde a piscina, o caminho pedonal do Alvito, o rio Homem, a gastronomia muito típica – não fosse Caldelas a terra do Chefe Silva -, as Termas e obviamente a qualidade dos projetos musicais que convidamos.
O que mais pode o público esperar da edição deste ano?
O nosso foco é o público e este ano vamos fazer tudo para que sintam o evento da forma mais confortável possível. Melhoramos, para isso, a zona da restauração – com mais oferta e qualidade -, as casas de banho, as condições de segurança, e teremos, pela primeira vez, um warm up, no dia 17, sexta-feira, que esperamos que seja uma entrada em grande para um repasto que se avizinha saboroso no dia 18. Fomos, também, preparando a indústria hoteleira instalada para o evento, incentivando-os a receber bem os “festivaleiros”. Vamos gravar o evento com tecnologia VR 360 para fornecer uma experiência deste género aos nossos visitantes. Só nos resta convidar todos para aparecerem e usufruírem de um fim de semana onde poderão experienciar um conjunto grande de atividades, sempre acompanhado com boa música.