Luis Vasquez voltou a Portugal com o seu “one-man project”, depois de uma visita ao festival Vodafone Paredes de Coura, no ano passado. Veio acompanhado de Luigi Pianezzola, no baixo e Mateo Vallicelli, na bateria. Guimarães esgotou The Soft Moon, na passada sexta-feira.
Os beats industriais repetitivos de “Black” abriram o espetáculo, no café concerto do Centro Cultural Vila Flor. Começam a notar-se os primeiros movimentos no público, as luzes fortes tornam-se irrequietas e surge uma fumaça constante que abrange o palco. Toda a arte que envolve este projeto é da autoria do multifuncionalista Luis Vasquez e revela uma certa contemporaneidade obscura, onde predomina a geometria na “artwork” dos álbuns e uma energia desconcertante na música.
Ao longo do concerto, Luis Vasquez vai desdobrando-se na guitarra, no sintetizador e na percussão, enquanto solta alguns berros espaçados. O ritmo frio e industrial do som, marcado por uma influência post-punk e shoegaze, cria uma envolvência tanto de opressão como de libertação. A atmosfera é intensa e, por vezes, hipnotizante. Destaque para o single “Far”, do mais recente álbum “Deeper”, que provocou um maior frenesi no público.
Vasquez admitiu em entrevista que a sua palavra favorita é “sofrer” e, de facto, a sua música é a expressão clara de uma certa agitação emocional. Oriundo de Oakland, na Califórnia, mudou-se para a Europa, onde mergulhou na sua solidão e expressou os seus demónios interiores através da sua obra que não pretendia publicar, de início. A sua vulnerabilidade é exposta nas letras de tom niilista que, apesar de por vezes roçarem a vulgaridade, são genuínas “Take me far away / To escape myself / Cos I was born to suffer / It kills my mind / It kills me inside / Happens all the time”.
O concerto seguiu de forma vigorante e com uma energia febril. A setlist foi saltando de álbum em álbum, percorrendo “The Soft Moon”, “Zeros”, “Deeper” e ainda o EP “Total Decay”. “Want” encerrou o espetáculo com batidas impiedosas influenciadas pela ascendência afro-cubana do vocalista.