Rodrigo Amarante esgota Theatro Circo

O último de cinco concertos de Rodrigo Amarante em Portugal aconteceu no passado dia de 2 e esgotou a sala principal do Theatro Circo, em Braga.

Sabem aquelas pessoas que nos deixam felizes só de olharmos para elas tal é a simpatia que a sua aura emana? Rodrigo Amarante é uma dessas pessoas. Mas não, só a sua presença não bastava. E munido do “violão” e do piano, aquele que é um dos músicos mais aclamados da música brasileira contemporânea, apresentou-nos o seu primeiro e único álbum a solo da sua carreira Cavalo, de 2013.

Nada em Vão abriu as hostes enquanto algumas pessoas mais atrasadas ainda chegavam, levando Amarante a brincar com a plateia no final da música, “enrolando” o público até a plateia estar composta. Mon Nom chega num francês doce, numa noite cantada em várias línguas. E como em países de língua não portuguesa Amarante diz que tenta sempre explicar o que dizem as letras em português, hoje fá-lo ao contrário, conta as histórias das letras em inglês. I’m Ready e The Ribbon são duas partes da mesma história, a de um soldado que é morto. A primeira é sob a perspetiva da mãe que recebe a notícia, a segunda, a retrospetiva do soldado.

Mas entre I’m Ready e The Ribbon tivemos direito a outras canções. A bela Irene encanta ao vivo na simplicidade da voz e da guitarra acústica. Tuyo, tema encomendado para a série “Narcos”, é influenciada pela vida de Pablo Escobar e cantada em espanhol. Fall Asleep surge como medicina alternativa. Amarante diz que sempre se recusou a tomar comprimidos para dormir e Fall Asleep surgiu numa dessas noites de insónia. Tardei foi recebida com grande entusiasmo por parte do público. Um dos seus temas mais intimistas simboliza a caminhada de um alguém que ainda não chegou ao seu destino.

Amarante mostra-se emocionado com a calorosa receção e agradece por termos escolhido estar ali naquela noite e não fazer outra coisa qualquer. Observa muitas vezes o público e até tenta enrolar mais uma vez para “a noite não acabar já”. E não só de temas de Cavalo foi feita a noite. Houve direito a um tema novo, tão novo que ainda mal sabe a letra, brinca. Deste tema surge a mexida Maná. Pode Ser, composta nos tempos dos Orquestra Imperial surge já quase no fim, com direito a uma lição de história da música brasileira.

O encore trouxe mais dois temas do passado. Condicional dos icónicos Los Hermanos e Evaporar dos Little Joy, recebida com muito carinho.

A ovação em pé do público quase que se revela insuficiente para agradecer o talento e simpatia de Rodrigo Amarante. A sensação de que esta noite poderia durar muito mais invade-nos. Mas é hora de dizer adeus e um até breve.