Invasão vimaranense

Já temos escrito noutras ocasiões sobre os tempos extraordinários que se vivem na música em Guimarães. Com um punhado de boas bandas a circularem nacionalmente e a rodarem em algumas das principais rádios do país, o ano de 2017 tem sido de afirmação do movimento pop-rock local. O festival Paredes de Coura deste ano confirma esse grande momento: há quatro bandas vimaranenses no cartaz do festival, com destaque para os Toulouse, que abrem um dos palcos principais no último dia do evento.

Depois de os Paraguaii terem sido os representantes de Guimarães em Paredes de Coura ano passado, com uma actuação na programação paralela do Festival Sobre à Vila, este ano a grande representação vimaranense estará no denominado Jazz na Relva – um palco que é cada vez menos Jazz, mas que continua a ter diante de si o magnífico relvado à margem do rio Taboão.

No dia 17, sobe a esse palco Captain Boy, o alter-ego musical de Pedro Ribeiro, para apresentar “1”. O seu primeiro disco, lançado no início do ano, confirma a voz singular no panorama nacional que já tinha mostrado no EP homónimo com que se estreou em 2015.

Os El Rupe regressam ao palco Jazz, dois anos depois da estreia, no dia seguinte. Forjados na confluência entre o jazz e o rock, são talvez o projecto que melhor se adapta ao conceito original deste palco de Paredes de Coura. Na bagagem, o trio composto por Samuel Coelho, Rui Souza e Pedro Gonçalves de Oliveira trazem o LP “Suite 3.14”, um álbum conceptual e por isso difícil de passar nas rádios, onde mostram uma maturidade e qualidade musical que nem sempre encontramos na nova música portuguesa.

No último dia do festival, 19, a representação vimaranense é assegurada por This Penguin Can Fly, o power-trio composto de que fazem parte José Manuel Gomes, Márcio Ferreira e Miguel Azevedo, mostra o longa-duração “Caged Birds Think Flying Is a Disease”, potente disco de rock, em viagem à volta do mundo, que já aqui elogiámos.

Nesse mesmo dia, os Toulouse abrem as hostilidades do dia no palco Vodafone FM (18h00). A mais jovem banda do cartaz de Paredes de Coura é premiada pelo prometedor percurso que têm tido desde que se apresentaram pela primeira vez em finais de 2014, tendo crescido a olhos visto até ao lançamento do disco de estreia, “Yhung”.

Na abertura do festival, há também lugar para alguns vimaranenses, na Escola do Rock, o belíssimo projecto de comunidade criado em Paredes de Coura e que tem posto uma nova geração de amantes do rock em contacto com o repertório do género. Samuel Coelho, guitarrista de El Rupe, é um dos professores dessa escola. Entre os alunos, há três jovens de Guimarães: Mafalda Costa, António Abreu e José Luís Novais.