O Gigmit Stage teve a sua estreia na terceira edição do Westway Lab, em Guimarães, trazendo à cidade artistas que fazem parte daquela plataforma criada em Berlim, em 2012, com o objectivo de aproximar artistas e promotores de espectáculos e programadores de salas. O Westway Lab teve conferências, residências e concertos – uma agenda alargada para debater a indústria musical.
Durante a tarde de sábado, 16 de Março, passaram pelo palco do Café-Concerto do Centro Cultural Vila Flor três projectos com sonoridades e proveniências distintas que ligam Berlim, Melbourne e Londres. À chamada responderam 200 projectos originários de todo o mundo e três deles foram seleccionados para tocar no Westway Lab.
Havia um ambiente informal nos concertos. A luz do dia permitia uma interacção diferente na plateia e os artistas no palco tinham certamente uma perspectiva diferente sobre as pessoas que assistiam aos concertos. Foi uma pequena maratona de quase três horas começando com as histórias e o folk de travo marcadamente europeu dos Sleepwalker’s Station.
Durante cerca de uma hora, Daniel del Valle foi, além escritor de canções e cantor, um contador de histórias. Os Sleepwalker’s Station, formados em 1998, são uma banda sem uma formação fixa, moldando-se em cada ocasião. Por isso os Sleepwalker’s Station assumem-se como um grupo de músicos em rede, em vez do sentido tradicional de banda, centrada na figura de Daniel.
Em Guimarães, uma loop station procurava preencher os vazios, que normalmente serão ocupados por outros instrumentos. Ainda assim, os Sleepwalker’s Station transportaram para aquela tarde chuvosa de Abril, o romantismo do Inverno em Berlim ou a maresia através do som das ondas do mar, que envolveu a plateia até ao concerto seguinte, altura em que uns raios de sol se atreviam a furar as nuvens cinzentas.
A figura franzina de Suzie Stapleton surgiu em palco para instalar a sua base de pedais. Não se imaginaria que dali sairia o safanão de uma guitarra em overdrive e de uma voz de uma dimensão que não era proporcional à figura do corpo de Suzie. Mais uma vez um pedal que registava e sobrepunha loops de guitarra dava profundidade ao som. Esta era uma segunda paragem numa road trip, que nos levava agora a Londres e que nos fazia regressar aos anos 90, lembrando a aspereza de PJ Harvey no início da década.
Os terceiros do palco Gigmit foram os Fortnight In Florida, o único número num formato de banda convencional, com proeminência do piano eléctrico e das vozes, suportada numa secção rítmica com doses de groove contagiantes. O trio londrino apresentou um alinhamento composto por canções pop dançáveis, onde se podiam encontrar as várias influências que o género foi tendo com o passar dos anos desde o funk, o disco ou mais recentemente o acid-jazz. Tudo servido numa ampola competente e, na medida inversa, pouco surpreendente.
O Westway Lab decorreu entre os dias 14 e 16 de Abril em vários espaços da cidade de Guimarães. O programa inclui residências artísticas, palestras e concertos informais, conferências para profissionais e concertos, abordando a música sob diferentes pontos de vista.