De costa a costa numa noite, com Steve Gunn e White Fence, no gnration

Fotografia Ruth Swanson

Fotografia Ruth Swanson

O concerto conjunto que Steve Gunn e White Fence dão esta segunda-feira, no gnration em Braga, pode ser esperado como um exercício que amiúde se imagina, ligando as costas este e oeste dos Estados Unidos da América. Em alternativa, pode imaginar-se que na Black Box da sala bracarense passarão dois ilustres testemunhos da diversidade musical que atravessa o sub-continente norte-americano.

Comece-se, a este propósito por Steve Gunn, guitarrista e escritor de Brooklyn, Nova Iorque. Ele pode ser uma das personificações da diversidade da música norte-americana, sintetizando nos seus discos uma série de registos. Recentemente, colaborou com Kurt Vile nos Violators – a banda que acompanhou Vile durante a digressão de “Wakin’ on a Pretty Daze”.

O produtor vem alimentando a sua carreira a partir de uma recolha, que tem como fonte os géneros da música tradicional, não se esgotando na americana, sendo a música indiana um dos grandes domínios de interesse do músico. Esse globe trotting musical passou mesmo por Portugal e o resultado pode ser ouvido em “Cantos de Lisboa”, assinado a meias com Mike Cooper.

Steve Gunn esteve cá em 2015, no festival Vodafone Paredes de Coura e regressa agora para dois concertos. Além da data no gnration, passará também pela Galeria Zé dos Bois, em Lisboa. A vinda do músico coincide com o lançamento do seu novo disco “Eyes On The Lines”, que deverá sair poucos dias após os concertos em Portugal. A data apontada é 3 de Junho.

Viajando para a costa oeste, para a California, encontramos Tim Presley e os seus White Fence. Tim começou, tal como Steve Gunn, pelas guitarras carregadas de energia, em bandas de punk rock. O álbum que viria a dar nome ao projecto sairia em 2010, sendo a disjunção estrutural das suas composições e a captação low-fi das gravações características que colocaram os White Fence na prateleira do rock psicadélico.

2012 viria a ser um ano de intenso trabalho para Tim Presley com os dois volumes de “Family Perfume” e ainda o cruzamento com Ty Segall, que viria a dar frutos com o lançamento do disco “Hair”. O entendimento entre os dois músicos terá resultado e em 2014 voltaram a juntar-se para fazer “For the Recently Found Innocent”.

Antes, ficaria registado o excelente exercício que “Cyclops Reap”, que o autor começou achar que seria um repositório de musicas antigas. Mas a ideia não vingou e o disco acabou por se tornar num álbum de canções equilibradas entre a escrita e os devaneios dos arranjos psicadélicos.

O primeiro dos concertos tem hora de início para as 22 horas. Os bilhetes estão à venda por 7 euros.