A blackbox do Gnration, em Braga, recebeu, esta sexta-feira, o músico Ben Frost. Entre quatro paredes negras, o artista australiano apresentou o seu oitavo álbum, “Aurora”, lançado em 2014.
Como é habitual, Ben Frost entrou em palco sem dizer uma palavra. Entre fumo, pegou na sua guitarra elétrica e soltou as primeiras notas de um minimalismo singular, com doses de punk rock e metal.
Frost não se contentou com o espaço que tinha entre a mesa de mistura e o computador. De um lado para o outro, em movimentos apressados, o músico fazia rodar os botões que introduziam uma justaposição entre ritmo e tecnologia. A música eletrónica pós-clássica de “Aurora”, que recebeu vários elogios da crítica discográfica, foi recebida por uma sala esgotada que se foi movimentando ao ritmo de um som singular.
“Aurora” revelou-se uma cisão com os anteriores trabalhos do artista. As melodias suaves foram substituídas por um registo mais integrado na eletrónica e mais pesado, recebido pelo público bracarense de olhos fechados. Da sala, mergulhada no hiper-realismo que Frost pretendia transmitir, emergiam assobios e expressões de contentamento que se mantiveram até ao último minuto das duas horas de concerto.
Este projeto, que sufoca e revela um lado íntimo da existência humana, contou, em Braga, com uma performance ao vivo entre o belo e a violência, onde não faltou o clássico “abanar a cabeça”.
“I blew something up”, disse Ben Frost, depois de a sala ficar submersa na total escuridão. A falha técnica levou Frost ao diálogo. “How are you, guys, doing?”, perguntava o músico australiano. Recebeu um “pretty good”, acompanhado de aplausos. Depressa retomou o concerto com o tema Vender. A sala voltou a fechar os olhos e assim permaneceu até ao fim.