O riff com que os This Penguin Can Fly abrem Ailisi, o single de avanço do seu primeiro longa-duração, que será lançado em Abril, já nos tinha aberto o apetite. Aquele era um som vindo algures do extremo asiático – algo que o videoclip filmado em Xangai confirmava e sublinhava. E era, afinal, o primeiro prenúncio de “Caged Birds Think Flying is a Desease”, um álbum que é uma volta ao mundo.
Os This Penguin Can Fly já nos tinham proposto uma viagem ao deserto em El Paso, single extraído de “Broken Hearts Are For Assholes, Outer Space is For Heroes”, EP de estreia lançado em 2014. Todavia, desta vez a viagem tem mais milhas. Partimos ao encontro do Médio Oriente na linha de baixo de “Sangre!”, encontramos uma guitarra caribenha em “The Proposal” e “Super Samba” anuncia, sem reservas, o seu gosto a Brasil, com uma bateria carnavalesca. O trompete dos Balcãs com que “A Heartbeat Is More Unique Than A Fingerprint” anuncia o final do álbum em registo de festa parece um regresso a casa, depois de uma viagem longa.
Ao acrescentar essas texturas vindas de diferentes latitudes, os This Penguin Can Fly quebram o som mais granítico do seu primeiro registo. José Manuel Gomes (bateria) e Miguel Azevedo (guitarrista), a quem Márcio Ferreira (baixo) se junta no novo álbum Márcio Ferreira, continuam a fazer um pós-rock poderoso, que ganha força a cada camada que se acrescenta, mas as influências que vão buscar aos quatro cantos do mundo introduzem nas suas composições algo que chama igualmente o corpo à dança. É esse a conjugação que faz de “Caged Birds Think Flying is a Desease” um disco que apetece ouvir repetidamente.