Há objectos estranhos pousados no Centro Internacional das Artes José de Guimarães. São pirâmides e cubos iluminados por imagens que nem sempre conseguimos distinguir e várias estrelas que também não são de identificação fácil. Estas peças compõem “Civilizações de Tipo I, II e III”, a exposição de Rui Toscano, estreada no ano passado no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, que chegou a Guimarães em Fevereiro.
Há igualmente uma música que nos envolve enquanto percorremos as várias obras do artista plástico. Essa peça sonora foi criada por Rafael Toral, uma figura muito peculiar no universo da criação contemporânea nacional. No próximo sábado, podemos viajar pelos corredores pouco óbvios do seu cérebro. A exposição de Toscano é o mote para um concerto de Toral em Guimarães, que acontece na blackbox da Plataforma das Artes e da Criatividade. Rafael Toral estreará, nessa ocasião, “Moon Field”, o seu mais recente trabalho, que está intimamente ligado com esse território alienígena que parece ser “Civilizações…”
É a ocasião para conhecermos melhor o universo estranho de um homem que tem continuamente explorado as várias possibilidades da música eletrónica. Partindo de uma abordagem que se inspira na técnica do jazz, Toral tem surpreendido, desde os anos 1990, pela inclusão da fisicalidade, do experimentalismo ou do silêncio na sua música, o que lhe confere um lugar único no panorama nacional.
Neste concerto em Guimarães (sábado, às 22h00), Rafael Toral apresenta-se acompanhado por Ricardo Webbens, que se ocupa dos sintetizadores analógicos, e Ricardo Dillon Wanke, no piano elétrico. Juntos formam o Space Collective III. O mesmo é dizer, o formato trio deste projecto de Toral, que pode assumir geometrias variáveis, indo do duo a uma orquestra. A numeração indica, por isso, a número de músicos de cada formação.
Rafael Toral e Rui Toscano são cúmplices de longa data. A sonorização das peças em vídeo criadas pelo segundo para “Civilizações…” é apenas mais um dos objectos artísticos que resultaram da colaboração entre os dois nos últimos anos. A exposição pode ser visitada até 12 de Junho no Centro Internacional de Artes José de Guimarães. Até lá, o museu de arte contemporânea vimaranense mantém também as exposições “We have everything and we have nothing”, de Francisco Janes, que integra filme, fotografia e som, e “A idade do perigo”, uma série do fotógrafo João Grama.