No dia 18 de Fevereiro o cinema português complicou as contas à Secretaria de Estado da Cultura. Os prémios ganhos no Festival de Berlim por João Salaviza (melhor curta-metragem com Rafa) e Miguel Gomes (distinguido pela crítica e prémio Alfred Bauer com Tabu) causaram algum embaraço a quem se preparava para congelar todo e qualquer apoio ao cinema. Foi bom que isso tenha acontecido numa altura em que, para além de se desvalorizar o papel da cultura no desenvolvimento de uma sociedade, se queira impor a receita de bilheteira como medida do sucesso de um filme. A visibilidade que Portugal ganhou nessa semana, com notícias (positivas!) em todos os jornais de referência europeus, comprova que há outros factores a ter em conta.
Miguel Gomes já tinha surpreendido meio mundo com Aquele Querido Mês de Agosto. Um filme para lá da ficção e do documentário, um autêntico ovni no já de si particular cinema português. Agora, com Tabu, regressa o ambiente de expectativa com as palavras que se vão realçando das críticas de Berlim: “exercício encantadoramente excêntrico”; “um desses filmes que leva irremediavelmente à melancolia”; “um filme desconcertante”.
A não perder, na próxima quarta-feira, às 21h30, no CAE São Mamede.