O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte

 

Vencedor da Palma de Ouro em 1962  (tendo vencido a filmes de Antonioni, Satyajit Ray, Bresson entre outros, com um júri presidido por Truffaut!) e nomeado para o Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, “O Pagador de Promessas” é um filme de forte conteúdo político, baseado numa peça de Dias Gomes, autor confesso de esquerda, mas que não deixava de ser crítico em relação à apropriação dos sonhos dos simples pelos que se julgam salvadores do (seu) mundo, incluindo, também, os camaradas da reforma agrária.  A fé de Zé do Burro, sincrética e confusa, como qualquer fé, incluindo a dos Santos, segue em direção à Terra de todos eles, em paga da cura do seu melhor amigo (e quem seria ele?) por Iansã, Santa Bárbara, ou como que lhe queiram chamar, para encontrar apenas o caminho do sacrifício.

Exemplo magnífico de uma cinematografia tão mal conhecida em Portugal, mas para a qual estamos tão receptivos, como se tem visto ultimamente, pode ser visto amanhã no Cineclube de Guimarães no São Mamede, inserido no ciclo da CEC  sobre filmes de 1962, ainda na onda quente de Salvador da Bahia, na mesma sala onde ainda há pouco mais de um mês víamos a antestreia de “Capitães da Areia”. Uma oportunidade a não perder, oxente! Entrai no terreiro de alma aberta. Ah, e aproveitem para se fazerem sócios do mais antigo Cineclube de Portugal com mais espetadores, já agora (sigam o link deixado pelo Paulo Cunha na caixa de comentários).