
“Irmãos”, de Pedro Magano, venceu na categoria de documentário
A ficção “Aloys” e o documentário “Irmãos” foram os vencedores do Lince de Ouro, o principal prémio do FEST – New Directors, New Films Festival, que terminou esta segunda-feira em Espinho. Os dois filmes foram premiados na categoria de longas-metragens, tendo o júri atribuído ainda um conjunto de menções honrosas, elogiando a qualidade das obras em competição nesta edição do evento. Já as escolhas do público recaíram sobre a longa documental “Starless Dreams” e a curta-metragem de ficção “Getting fat in a healthy way”.
A escolha de “Aloys” como melhor longa-metragem de ficção não foi surpreendente. A obra de Tobias Nolle, uma co-produção entre Suíça e França, já tinha sido agraciado com o prémio Fipresci, atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema na secção Panorama do festival de Berlim. O filme justifica as distinções fruto da sua narrativa incisiva e perturbadora, qualidade visual e fulgurante montagem em paralelo, que conferem a este drama psicológico uma riqueza assinalável. Além do Lince de Ouro, foram ainda atribuídas Menções Honrosas “Easy Ball”, de Juan Fernandez Gebauer, Nicolas Suarez (Argentina), “The Fits”, de Anna Rose Holmer (EUA) e Ganny’s dancing on the table, de Hanna Sköld (Suécia).
Entre os documentários, o vencedor do Lince de Ouro foi “Irmãos”, um retrato belo sobre uma tradição impressionante que faz com que, há mais de 500 anos, grupos de homens percorram as estradas e caminhos da ilha de S. Miguel, nos Açores, em oração. O filme não resolve, porém, uma contradição entre a forma gregária da ligação daqueles 54 homens com os restantes micaelenses com que se cruzam durante a peregrinação e a tentação de os retratar como guerreiros, em pose se superioridade, em planos de efeito estético, mas que falham no sentido. O filme de Pedro Magano, que já tinha vencido o festival Caminhos do Cinema Português, no final do ano passado, e volta a ser premiado em Espinho.
O júri atribuiu também uma menção honrosa na categoria de documentários ao poderoso “Starless Dreams”, de Mehrdad Oskouei, uma incursão emocional por um centro de detenção de raparigas adolescentes no Irão. Este filme recebeu ainda o prémio do público para melhor longa metragem. Entre as curtas-metragens, a escolha daqueles a que assistiram às sessões do FEST recaiu sobre “Getting fat in a healthy way” (Kevork Aslanyan, Bulgária), uma cativante comédia distópica sobre um mundo onde, por erro norte-americano, a lua é destruída pondo em causa a lei da gravidade, que motivou as maiores gargalhadas do festival.
Na competição pelo Lince de Prata, destinados às curtas-metragens, foram premiados “Novacieres”, dos franceses Marine Brutti, Jonathan Debrower, Arthur Harel, Céline Signoret, na categoria de filme experimental, ao passo que o melhor documentário foi “Alphonsine”, de Matthieu Raulic (Bélgica), e a melhor animação “Fury”, de Paulina Wyrt (Polónia). Já na categoria de ficção, a melhor curta-metragem foi considerada “Hold on”, de Charlotte Scott Wilson (Holanda).
O FEST – New Directors, New Films Festival atribuiu ainda prémios nas categorias NEXXT, destinada a filmes feitos em contextos académico, em que o vencedor foi “O que é feito dos dias na cave” (Rafael Almeida, Universidade da Beira Interior); FESTinha, o programa dedicado ao público infantil, que teve dois premiados, ambos nacionais, “Loppi Gugo” (João Sousa) e “Temperar a gosto” (Susana Neves); o grande prémio nacional foi atribuído a “As rosas brancas”, um filme de Diogo Costa Amarante.