Há filmes que nos relembram que somos feitos de carne; que é através do corpo que sentimos. Afinal, somos feitos de matéria. É a matéria, o corpo, que nos permite ter consciência, sentir emoções, tornando-no humanos. Somos um todo que reage como um todo a qualquer circunstância. E que a vida é feita de várias facetas simultâneas, boas e más.
Através de uma história simples mas complexa, Jacques Audiard conta-nos o percurso de uma relação improvável entre uma tratadora de orcas e um lutador amador, ambos fragilizados. E acaba por fazer um tratado sobre o amor e como a entreajuda consegue dar algum sentido à aleatoriedade do dia-a-dia.
O argumento é realista, coerente e soberbamente estruturado. A cinematografia, com a câmara livre e uma edição contemplativa, compõe um filme onde a exímia representação de Marion Cotillard e Matthias Schoenaerts permitem um resultado final de elevado nível.
Não serei demasiado descritivo, deixando o julgamento final para aqueles que pretendem assistir à sua exibição no Theatro Circo, segunda 25 de março às 21h30.