Tudo no filme fica por resolver e por cumprir. O capitalismo, a revolução, as ratazanas, as vidas, … o mundo por resolver num tiro que se dispara sobre o outro como sobre a própria mão para que sinta algo, para que sinta ou para que faça sentido…Um desejo tentador de uma revelação que ficamos sem saber.
Do ponto de vista da narrativa, o desenvolvimento que nos conduz ao final toma um rumo insuspeito e que pode parecer desconexo. Os “39 degraus” da história assumidos pelo corte de cabelo, são deixados de lado cumprido que fica o corte inacabado. Mantém-se o desejo de libertação, a hiperprotecção cede cada vez mais lugar ao desafio – desejo latente ao longo de toda a história. Do encontro dos opostos em duelo há diálogos que não justificam o que fica para trás e cujo confronto não é mais que um contrato de cavalheiros ou a atracção de um mundo pelo outro, não há resposta ideológica. Nem moral da história na tela negra que não seja a que cada um lhe atribuir.