Não é a primeira vez que a Colecção de Fotografia da Muralha se apresenta à cidade. Composto por cerca de seis mil negativos fotográficos em placa de vidro, este arquivo foi alvo de um vasto programa de conservação, digitalização, catalogação e divulgação, no âmbito de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.
“Na Cidade”, que inaugura esta quinta-feira 12 de maio de 2016, é a primeira exposição da Colecção no Museu de Alberto Sampaio, e aquilo a que os promotores consideram ser “o concretizar de uma ligação inevitável”. Desta vez as imagens expostas centrar-se-ão na cidade das primeiras décadas do século passado, altura decisiva para Guimarães por se ter iniciado aquilo que culminou com a classificação de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.
A exposição apresenta fotografias de lugares facilmente reconhecíveis a qualquer vimaranense, provando que a cidade e quem a habita souberam cuidar de grande parte das suas casas, monumentos, ruas e praças, recuperando-as sempre com preocupação em manter as suas características originais. Estes registos documentais apresentam uma cidade em transformação — o momento de viragem entre a cidade herdada e a cidade que herdamos —, muito para além do sentimento nostálgico que fotografias antigas a preto-e-branco nos possam provocar.
Resultante da aquisição, iniciada década de 1980, dos espólios fotográficos das casas Foto Eléctrica-Moderna e Foto Moderna (que, desde 1987, se passa a chamar Foto Machado), a colecção está depositada fisicamente no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta e as digitalizações estão acessíveis online através do website do Reimaginar Guimarães.
Foi no âmbito deste projecto, inserido no programa da Guimarães 2012, que a Colecção foi totalmente digitalizada e se começou a apresentar regularmente à cidade (até aí tinha surgido em algumas publicações como “Guimarães do Passado e do Presente [1985]”, por exemplo). Na exposição “A Cidade da Muralha”, inaugurada duas semanas antes de 2012, uma selecção de cerca de 200 imagens com mais de 50 anos foi apresentada e publicada no catálogo homónimo, que esgotou em poucos meses. Em “Plano Geral — Grande Plano”, última exposição do projecto Reimaginar Guimarães, a Colecção apresentou-se na Casa da Memória através de cinco projecções em vídeo, e também numa narrativa em livro-catálogo que acompanhava a exposição.
Em 2012 a Colecção começava, então, a dar os primeiros passos pós-digitalização, multiplicando-se noutras exposições memoráveis como “Rever a Cidade” (com um exercício de re-fotografia a partir de imagens da Colecção pelos fotógrafos Inês D’Orey e Carlos Lobo), “O Trabalho” (a primeira grande exposição fora do âmbito de Guimarães 2012, realizada no Guimarães Shopping) e “A Celebração”, ou em diversas publicações, como por exemplo “Novais Teixeira. O Vimaranense Errante”, de Paulo Cunha.
“Na Cidade” inaugura às 18 horas de quinta-feira, 12 de maio, na extensão do Museu de Alberto Sampaio (Praça de S. Tiago), e estará patente até 10 de Julho de 2016. Com organização de Alexandra Xavier, Miguel Oliveira, Nuno Vieira e Rui Vítor Costa, a exposição contará ainda com textos de António Amaro das Neves, António José Oliveira, Célia Pontes, Isabel Fernandes, Maria José Meireles, Miguel Bastos, Miguel Frazão e Rosa Maria Saavedra.