A livraria Centésima Página, em Braga, acolheu hoje o lançamento do livro ‘Grosso Modo’, de Jacinto Lucas Pires. Editada pelos Livros Cotovia, esta obra junta nove contos do autor, três deles inéditos.
“Escrevi os primeiros contos inéditos a tentar falar da crise”, conta Lucas Pires. As estórias são, assim, uma aproximação à crise: “Não falam de toda a crise, de toda a desgraça. Grosso modo, foi mais ou menos isso que eu senti”, diz. É deste modo que o autor justifica a escolha do título, admitindo que “é difícil dar títulos aos livros de contos” por serem, geralmente, escritos em alturas diferentes.
Numa conversa descontraída moderada por Rita Patrício, especialista em literatura, Jacinto Lucas Pires começou por ler aos presentes um dos contos contidos no livro, ‘O Hortelão de Calção-de-Banho’.
Reconhecendo o carácter político de ‘Grosso Modo’, o escritor deixa antever que “todas as histórias são políticas, a questão do banco, a crise do euro, os subsídios, a questão da Europa e da austeridade”. São estes os pontos de partida para esta obra, assuntos que marcam a ordem do dia. A este respeito, Lucas Pires partilha com os presentes que, após a publicação dos seus dois primeiros romances, deu-se conta que aquilo que escrevia era sobre política – ao contrário dos contos que tinha escrito até ali, de carácter mais intimista. “Pensava que os contos eram mais intimistas e os romances políticos, mas afinal não”, diz. “Os contos são uma maneira mais urgente de escrever”, pela brevidade que os caracteriza.
Reconhece, no entanto, que a situação actual do país também ajuda a que isso aconteça. “Interessa-me usar o material de linguagem corrente com um sentido literário”, conta Lucas Pires. Assim, termos como spread, capital ou juros são utilizados ao longo do livro – é esta a linguagem que invade diariamente as nossas casas através da televisão, mas que raramente entendemos, conforme explica o escritor.