Inês Pedrosa apresenta ‘Desnorte’ na Feira do Livro de Braga

Inês Pedrosa e Jorge Cruz na Feira do Livro de Braga

Inês Pedrosa e Jorge Cruz na Feira do Livro de Braga

‘Desnorte’, o último livro de Inês Pedrosa, foi apresentado hoje na Feira do Livro de Braga. A apresentação do livro esteve a cargo de Jorge Cruz, responsável pelas primeiras 18 edições da Feira do Livro, que recordou as várias passagens de Inês Pedrosa pelo certame. Tendo começado o seu percurso profissional no jornalismo, a escritora demonstra, com esta última obra, que o conto não é um “género menor”. Jorge Cruz elogiou a “enorme dimensão literária” de Inês Pedrosa e notou um fio condutor entre os 14 contos que compõem ‘Desnorte’, que é precisamente “a sensação de desnorteamento, de perder o pé”.

A escritora dirigiu-se aos presentes num tom informal e descontraído, contando o seu percurso no jornalismo e fazendo o paralelismo com a literatura. “Continuo a sentir-me também jornalista”, confessou Inês Pedrosa, recordando que foi para o jornalismo para “sobreviver”. Criticando a falta de isenção que actualmente caracteriza a comunicação social, a escritora afirma: “O jornalismo é que me abandonou a mim, não fui eu que o abandonei a ele”. Apesar de ter deixado de exercer jornalismo, o gosto pelas letras sempre a acompanhou e Inês Pedrosa conta que foi no jornalismo cultural que “conheceu mundo” e aprendeu a conhecer e pensar os escritores.

Inês Pedrosa considera que a obra que hoje apresentou, ‘Desnorte’, está muito ligada ao livro anterior, ‘Desamparo’. Este transporta-nos a um “Portugal desamparado, mas que não desistiu de si mesmo nem desistiu da esperança”. Nas palavras da escritora, ‘Desnorte’ acaba por contar a “recuperação dessas vidas [que conhecemos em ‘Desamparo’] e uma história de amor”. O conto que dá nome ao livro (‘Desnorte’) é o mais antigo nesta colecção e a autora nota que, quando começou a reler todos os contos, se apercebeu de uma “sensação de desnorte, de desorientação”. “Devemos pensar nesta sensação como um desafio, e não como uma catástrofe”, aconselha.

Perante a dificuldade de viver “num mundo com este nível de insegurança”, Inês Pedrosa considera que é a literatura que nos ajuda na procura de determinação por certos valores, como a justiça e a solidariedade. Relembrando que o romance anda a par com a democracia, diz que “as palavras podem tocar as pessoas” e “é também para isso que se escreve”. Quando há temas que são dados como adquiridos na sociedade em que vivemos, a escritora declara que “a ficção serve para interrogar esses temas” em relação aos quais nem sempre se reflecte.