Hairchitecture é o resultado da associação artística de Gijo cabeleireiro e dos arquitectos FAHR 021.3. A combinação resulta numa exposição/instalação que enche as salas do espaço Pavico.

Foto de Filipa Frois Almeida

As paredes são reservadas ao às fotografias de construções de fios de cabelos, enquanto o espaço da sala é ocupado por construções têxteis.

Na deambulação, há um claro convite à interacção: um conjunto de experiências sensoriais ao perdermo-nos entre as tiras de tecido – a fragilidade da sobreposição estudada da escala das tiras coloridas transforma-se numa massa permeável, que se tridimesionaliza e ganha nova expressão na perspectiva a partir do interior. Por oposição ao branco total no último piso (uma sensação de céu), nos pisos intermédios a escala de vermelhos sensuais pede que nos demoremos a caminhar entre os fios, sentir o deslizar do tecido sobre a pele.

Vista de fora a arquitectura é de volumes ondulantes na sua perpendicularidade pendente e desregrada pela corrente de ar. Numa noite quente, a brisa que entra pela janela faz vibrar o conjunto e torna-se ainda mais agradável passear no meio do jardim invertido.

Embora o espaço resulte bem para a exposição de fotografia,  a instalação da “arquitectura “têxtil” pedia  um pé direito maior, para ganhar escala (e que as tiras de tecido tivessem uns 6 metros de modo a que quando olhássemos para cima fosse até perder de vista o seu início). Seria uma experiência muito mais inebriante, a da total perda e imersão no meio da cor que vai alterando a tonalidade num percurso  labiríntico de evolução cromática, até ao interior onde a cor deixa de existir, e na ausência dela o negro absoluto.  Como num quarto escuro.

Hairchitecture está no Espaço Pavico (Rua de Santo António, Guimarães) até 30 de Junho.